Porque no fim do ano de 1953 o famoso sanfoneiro Mario Zan em parceria com J. M. Alves, lançava no mercado fonográfico uma musica solo de sanfona ou acordeão como queiram interpretar os senhores leitores deste semanário, com o titulo ou intitulada IV Centenário (dobrado) ritmo 2/4, pela gravadora Chanticleer, disco esse impresso em 78* rotações, nesta época não existiam 33/45/Lps, e muito menos os mais recentes avanços da tecnologia moderna que são os discos conhecido por CDs.
A música IV CENTENÁRIO, foi um sucesso total, e as bandas de musicas passaram a incluírem nos seus repertórios, tais como: Banda da Guarda Civil; Força Publica (hoje Policia Militar) e também a famosa bandinha do humorista Genésio Arruda, entre outras.
No dia 25/01/1954 a cidade de São Paulo comemorava os seus 400 anos de fundação, e neste dia foi realizado um grande desfile militar na Av. Anhangabaú, aviões sobrevoavam no espaço aéreo, jogando chuvas de prata (papéis laminados) impressos com os dizeres Prata Wolf, foram três (3) aviões, um C-46 e mais dois C-47, um dos pilotos que participou do evento atualmente reside aqui em Porto Ferreira, que é o Sr. Walter Rubens D’orázio, e os aviões pertenciam a REAL Transportes Aéreos.
Eu José Carlos de Oliveira e o meu tio Brás Osório de Oliveira tivemos a oportunidade de assistir o desfile militar em cima do Viaduto do Chá, nossa senhora como tinha gente pra ver o tal evento comemorativo.
Esta musica acabou se tornando um hino dos paulistas e também dos paulistanos, e ao mesmo tempo a marca registrada do ilustre instrumentista, que na suas apresentações pelo Brasil e Mundo pelo nome de Mario Zan o sanfoneiro do IV Centenário. Mesmo antes de ele lançar essa musica o Mario Zan já era conhecido do meu tio Brás, isto porque o meu tio vivia na cidade de Itápolis e o Mario Zan morava na cidade vizinha por nome de Santa Adélia.
Quarenta anos depois o sucesso continua, aliás, só para registrar, o Mario Zan esteve aqui em Porto Ferreira no dia 31/11/1991, abrilhantando um grande bailão no “Clube de Cristal”, propriedade do meu amigo José Osmar Moreira (Lim).
O padrinho Brás de saudosa memória era fã incondicional do referido instrumentista, e acredito que, por influencia dele Mario Zan, e devido ao seu grande sucesso resolveu entrar numa escola de musica e tentar aprender tocar Sanfona/Acordeão/Harmônica, nós do interior conhecemos mais por sanfona. Bem! O padrinho Brás iniciou os estudos práticos e teóricos, nesta época o padrinho Brás trabalhava na Cerâmica Sacomã (Via Anchieta) na qual exercia a profissão de motorista, as aulas eram ministradas na casa do padrinho Brás, isto na rua Lício de Miranda – Vila Carioca – Sub distrito do Ipiranga, nos dias de domingo pelo Professor Maércio Romangnolli. Depois o prof. Maécio se estabeleceu num prédio, do lado esquerdo próximo de um posto de gasolina, sentido Estrada das Lágrimas.
Passou-se mais ou menos um ano, ele até que aprendeu tocar uma três musicas em ritmo de valsa, que eram: Saudades de Matão; Saudades de Ouro Preto; O Destino Desfolhou, e já solfejava lendo o Bona.
O padrinho Brás estava noivo da minha tia Deolinda Tangerino, isso já alguns anos, ela querendo casar com ele, daí foi que ele desistiu e se casou no dia 29 de julho de 1954. Porto Ferreira comemorava 58 anos de emancipação.
O professor Maércio foi o seu mestre. Por conseguinte eu sempre que podia ficava observando-o, e via nos seus livros de musica, uns círculos de bolas preta, dizia ele que eram notas musicais. Ele desistiu mas por toda maneira, queria que eu estudasse. Fez-me uma proposta, dizendo que tal! Já imaginou um dia você ser musico. Eu tinha apenas oito (oito) anos de idade, e estava cursando o segundo (2.ð) ano primário no Externato Menino Jesus – Rua Lino Coutinho – Ipiranga – São Paulo, a diretora e proprietária da escola era prima do meu pai enfim de todos nós Oliveira, cujo nome era Maria Lopes Mendonça.
Não dei uma resposta de imediato. Disse-me ele em tom áspero: você vai estudar sanfona quer queira quer não, e vai ser na marra, se não vai entrar numa surra e fim de papo. Devido a essa circunstancia a solução foi estudar para não apanhar. A marca da sanfona era uma La Stradella – 80 baixos – de cor vermelha.
Já no ano de 1955, o então professor Maércio fundou a Academia de Musica “Pietro Deiro”, tendo as suas instalações na Rua Silva Bueno, inicio da Via Anchieta – Sacomã – bem próximo de um castelo que pertencia a família Samarone, sendo que anteriormente as aulas eram realizadas nas casas dos alunos.
As partituras musicais que o professor indicava na sua maioria eram todas musicas de sucesso do Mario Zan, tais como: IV Centenário, Só Para Você, Serelepe e outras mais.
Estudei teoria e pratica instrumental durante quatro anos, não me formei hoje me arrependo de não ter continuado, na época todo garoto queria ser jogador de futebol por causa do Edson Arantes do Nascimento “Rei Pelé”.
O tempo foi passando e eu alimentava um desejo, um sonho de criança, que parecia algo impossível, que era tirar uma fotografia com a sanfona do Mario Zan – o sanfoneiro do IV Centenário. Numa noite de sábado resolvemos ir até o Salão de baile do Palmeirinha arrastar o pé na cana verde, e quem estava animando o baile era o Monte Rey e seu conjunto, e para a minha surpresa a sanfona que ele estava tocando pertencia ao Mario Zan, isto é, na sanfona estava escrito o seu nome, só que não era aquela famosa sanfona, que certa vez foi roubada e por ser um instrumento musical raríssimo o ladrão devolveu-a, logicamente que quem tentasse compra-la teria que provar a sua origem, e acabaria em maus lençóis, poderia ser preso. Horas depois com e de praxe teve um intervalo e nesse ínterim fui conversar com o Monte Rey, e entre um papo e outro, conversa vai conversa vem, comentei sobre o fato de que eu tinha um sonho de garoto, que era tirar uma foto com a sanfona do Mario Zan.
O Monte Rey disse-me. Olha Tangerynus, a dita sanfona que você esta se referindo está em minha casa para fazer uns reparos. É só ir até a minha residência lá em Descalvado, seguidamente ir até o foto e clique. E assim foi esta é a foto que tirei em 1994, enfim sonho que foi realizado graças à colaboração do amigo Monte Rey que me emprestou a sanfona do Mario Zan.
PORQUE TANGERYNUS:
Participava eu do programa dominical “Casa de Caboclo”, capitaneado pelo amigo João Ricci, isto a sete (7) anos passados e um dos freqüentadores, que era violeiro mais conhecido por “Nico Trovador”, me perguntou, qual é a sua origem. Você é de Porto Ferreira, quem é a sua família. Respondi a ele que eu era neto do falecido José Pereira Tangerino (Zeca Bem O catireiro) – irmão do Manoel Pereira Tangerino (Néco Tangerino – o velho carreiro por trabalhar com carro de bois) que em tempos atrás foram sitiantes no bairro Rural da fazendinha, e partir desse dia fiquei mais conhecido por Tangerynus.