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Berço da Independência do Brasil, o Ipiranga já pode ser considerado um Museu a céu aberto. Referencia histórica da Cidade de São Paulo, o bairro agora conta 12 construções centenária tombadas pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) desde o dia 8 de maio de 2.007. A decisão reconhece o valor histórico, arquitetônico, paisagístico e urbanístico dos imóveis, que fizeram parte da herança do Conde José Vicente de Azevedo (1.859 / 1.944). Ele chegou a capital aos 16 anos e trouxe um sonho: amparar as crianças desvalidas.

Nos últimos anos do Império adquiriu uma grande gleba de terras na Colina do Ipiranga, sítio histórico da Independência. Em análise desde 1.993, os imóveis fazem parte da herança do Conde que, no começo do século passado, tinha entre seus bens 45 alqueires de terras no Ipiranga. Numa parte de seus domínios, ele construiu casas beneficentes, que atendiam a órfãos, doentes e cegos. É o caso do Instituto Padre Chico que em 18 de fevereiro de 1.928, recebeu a doação de um terrno feita pelo Conde Dr. José Vicente de Azevedo no Ipiranga , onde já existia um Pavilhão com o nome de Dom Antonio de Alvarenga. Em 27 de maio de 1.928foi lançada a primeira pedra do novo estabelecimento e em 4 de novembro de 1.929 lançou-se a primeira pedra da Igreja de Santana, oferecida por Dona Ana do Amaral Borges, onde guarda religiosamente os despojos mortais de Monsenhor Francisco de Paula Rodrigues – “Padre Chico”.

A direção do Instituto de Cegos “Padre Chico” foi entregue às filhas de caridade de São Vicente de Paula desde a sua fundação. A entidade proporciona hoje aos seus assistidos o verdadeiro amparo social e a assistência cristã, constituindo uma das mais belas e significativas obras de benemerência e filantropia da Capital.

Outros exemplos são o Instituto Cristóvão Colombo, de 1.895, só para meninos. Ali estudaram filhos de imigrantes italianos, de onde saíram advogados, médicos e comerciantes que ajudaram posteriormente a construir o bairro e o Internato e Semi-Internato Nossa Senhora Auxiliadora, edificação projetada pelo escritório Ramos de Azevedo.

Foram tombados, também, o Educandário Sagrada Família, o Instituto Maria Imaculada, o Colégio São Francisco Xavier, a Clínica Infantil do Ipiranga, o Seminário João XXIII, o Antigo Noviciado Nossa Senhora das Graças, o Antigo Grupo Escolar São José, o Antigo Juvenato Santíssimo Sacramento-UNESP e o Seminário Central do Ipiranga.

Segundo o bisneto do Conde Carlos Eduardo Francischini essas instituições não teriam existido se o Conde, para tanto, não tivesse contribuído pelo menos com o terreno. Para algumas, contribuiu com muito mais. “Acredito que todos os descendentes do Conde José Vicente de Azevedo que, assim como eu, conhecem a sua história sentiram boa dose de emoção diante da notícia do tombamento, pelo Patrimonio Histórico, das construções que abrigam as obras relacionadas na Resolução do COMPRESP. A primeira de suas filhas, Maria Angelina, teve como sua primeira filha a minha mãe, Maria Thereza. Portanto, sou seu bisneto. As mencionadas obras já haviam sido denominadas por alguém como “Os 12 Tabernáculos do Ipiranga”, porque foram erguidas, todas para maior glória de Deus.

Já o vice-reitor administrativo da UNIFAI Prof. Osmar Garcia Stolagli, disse que é importante que transformações ocorram para melhoria do nosso bairro, sejam nos sistemas de transportes coletivos, em edificações, áreas de ensino e na necessária prestação de serviços em geral. “Tais fatosorgulham os ipiranguistas de nascimento e de coração. Porém jamais poderemos deixar de lado nossos laços históricos, tradições e tudo mais que os antepassados nos legaram. Assim é que, nos alegram as notícias de que o CONPRESP definiu os processos de tombamento de diversos edifícios de instituições que marcam positivamente setores da região, principalmente no entorno da Avenida Nazaré. Convém lembrar também que essas intervenções, por vezes, causam problemas para as entidades impossibilitadas de expansão ou de não poderem arcar com investimentos de manutenção de suas propriedades, sem qualquer ajuda dos órgãos governamentais”, declara.

Confira a relação dos imóveis tombados:

Instituto Padre Chico – Companhia das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo – R. Moreira de Godoy, 456/572 (desde 1.928, quando o próprio padre Chico recebeu as terras do Conde, fez-se ali uma casa de auxílio a pessoas cegas. A construção do começo do século tem iluminadas galerias a que os arquitetos chama de arco pleno, que cercam um pátio interno bastante arborizado.);

Educandário Sagrada Família – Congregação das Irmãzinhas de Imaculada Conceição – Av. Nazaré, 470 com R. Barão de Loreto, 182 (a construção, de 1.895, teve projeto arquitetônico doado por Ramos de Azevedo. Em um dos prédios de tendência neoclássica funciona a 2ª. Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição e, no outro, um educandário. Os dois são interligados por uma Capela , onde esta sepultado o corpo de Madre Paulina (1865/1942). Ela morou naquele terreno, no Pequeno Abrigo para Filhos de Imigrantes e Escravos, de 1.918 até o dia de sua morte. A Capela da Sagrada Família, nome dado pela própria Santa Paulina (canonizada em Roma, em maio de 2.002), pode ser visitada de 3ª. à domingo das 9h às 19h.).

– Internato Nossa Senhora Auxiliadora – Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração – R.Dom Luís de Lasagna, 300 e Av. Nazaré, 810 (outro projeto de Ramos de Azevedo, de 1.896. Queixos despencam diante do imponente portão de ferro ornamentado do final do século 19. Mais glamour visual: linhas neoclássicas, jardim de rosas, canteiros geométricos versalheses).

– Antigo Noviciado Nossa Senhora das Graças Irmãs Salesianas – R.Dr.Clóvis Bueno de Azevedo, 130 e R. Dom Luis de Lasanha, 176 (o tempo para diante dessa construção de 1.924 do padre salesiano e engenheiro Domingos Despiano. No tombamento, a referencia é ao piso de ladrilho hidráulico original, que forma um mosaico multicor e aos vitrais nas alamedas internas).

Antigo Grupo Escolar São José – Avenida Nazaré, 900 com R. Moreira de Godói, 226 (originalmente, o projeto de Ramos de Azevedo de 1.891 não incluía grades. A construção de alvenaria de tijolos pintados de amarelo permitia que as crianças corressem para a rua depois das aulas).

Instituto Cristóvão Colombo– Congressão Missionários São Carlos – R.Dr. Mario Vicente, 1108 (não espere se deparar com uma construção diante do número dessa rua. Passe o portal e siga sem medo pela viela de pedra. Pequenas travessinhas, repletas de casotas geminadas surgirão no caminho. No centro, está o Instituto Cristóvão Colombo, que em 1.995 iniciou atividade como orfanato. A fachada é composta por uma Igreja de linhas marcantes que mesclam os estilos neoclássico e art déco. Na década de 60, ela ganhou um anexo em linhas retas e azulejos coloridos. Mistura maluca? Há mais de frente para a Igreja, está o Seminário João XXIII, onde está a ordem dos Padres Carlistas. O tombamento nessa região faz menção às arvores do bosque em frente à construção. Ou seja, a imensa mangueira centenária está livre da especulação imobiliária).

– Seminário João XXIII – Congregação dos Missionários de São Carlos – R. Dr. Mario Vicente, 1108 (vide texto acima).

– Clinica Infantil do Ipiranga – Ordem dos Ministros dos Enfermos Camilianos – Av.Nazaré, 1361 (agraciado por uma das doações do conde, o pediatra Augusto Gomes de Mattos (1899/1978) transformou a clínica em referencia para o tratamento pediátrico na década de 40. Quem passar pela construção de 1.931, deve observar outras jóias os vitrais do russo Conrado Sorgenicht Filho, o mesmo responsável pelos do Teatro Municipal, e os azulejos de Antonio Paim Vieira, que fez os azulejos azuis da Nossa Senhora do Brasil).

Seminário Central do Ipiranga – Universidade Católica – Arquivo Metropolitano Arquidiocesana – Av.Nazaré, 1361 (dos arquivos do Conde consta que a construção de 1.943 é de Alexandre Albuquerque, que trabalhou no escritório de Ramos de Azevedo e foi responsável pela reurbanização da região de .Santa Ifigênia. São suntuosos os arcos e a rosácea na entrada da Igreja da Paróquia da Imaculada Conceição em estilo neoclássico. Como antes do período republicano a Igreja fazia a função de cartório, ali está grande parte dos registros civis da época).

– Antigo Juvenato Santíssimo Sacramento – R.Dom Luís Lasanha, 400 com Av.Nazaré, s/n° (ladeado por árvores, entre elas uma araucária, o edifício eclético de Ramos de Azevedo de 1.929, é hoje ocupado pela Unesp. A capela alinhada ao lote tem arcos ogivais dignos de aula de arquitetura. O desenho é característico das abóbadas góticas.).

– Colégio São Francisco Xavier – Rua Moreira e Costa, 531 (o colégio foi construído em 1.925 e recebia imigrantes japoneses. Destaque para platibandas simples, mureta que tem função de esconder o telhado, entremeado por pináculos (pontos mais altos)).

– Instituto Maria Imaculada – Av. Nazaré, 711 (construção assimétrica da década de 30. A igreja abriga um painel de cerâmica com a pintura da imagem de Maria Imaculada, que vale ser conhecido)

Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) tombou em 2005.

– A família Jafet ao imigrar do Líbano, em 1.887, criaram a Tecelagem e Estamparia Ypiranga. Suas industrias chegaram a empregar cerca de 4,5 mil operários. Em 1.923 , inauguraram, no número 798 da R.Bom Pastor, a suntuosa residência de Basílio Jafet, uma mescla de estilos oriental, clássico e barroco, que ficou conhecida como Palácio dos Cedros – referencia ao jardim que circunda a mansão, ornamentado pela vegetação típica de seu país. Mármores de Carrara foram trazidos da Itália para montar as escadarias. Há pisos machetados, pedras talhadas, mosaicos e uma profusão de colunas, brasões e anjos barrocos; enquanto pinturas, apliquese esculturas estão distribuídos por seus quatro andares, que abrigam 50 cômodos. Segundo o arquiteto e urbanista Benedito Lima de Toledo, 72, “o quadrilátero dos Jafet é o auge da ostentação do ecletismo”. O que apesar da suntuosidade, não significa exatamente bom gosto.

(artigo escrita pela jornalista Karla Peralto para o jornal Gazeta do Ipiranga – edição n° 2492 – página 4 – caderno A de 25/05/2007)

(texto em itálico extraído da Revista da Folha de 20 de maio de 2.007 – ano 16 edição 768)

Fonte: Upiranga