O primeiro monumento, para quem sobe a Serra, é o Padrão do Lorena, um belvedere, com lugar – muito precário – para estacionar o carro. No topo do belvedere há um arco, e no topo do arco havia, até três anos atrás, uma pesada bola, de pedra, com uma cruz em cima.
Essa bola – que tem o nome de esfera armilar, sendo o símbolo da conquista marítima lusitana – foi roubada. Os ladrões tiveram muito trabalho, pois a pedra pesava quase 200 quilos. Na época do roubo, chegou a haver queixa na polícia. Mas as investigações deram em nada. É quase certo que a esfera armilar esteja hoje enfeitando os jardins da mansão de algum milionário paulista.
Sob o arco há, ainda muito bem conservado, o retrato – em azulejo – do governador Bernardo José Maria de Lorena, político a quem o Caminho do Mar deve grandes melhoramentos. Foi ele quem, em 1970 (SIC: a data correta da inauguração é 1792), mandou construir a Calçada do Lorena. O arco fica situado exatamente no ponto em que a antiga Calçada do Lorena cruzava com a Estrada Velha, ou Caminho da Maioridade.
Quem tiver um pouco de curiosidade e paciência pode subir a escadaria que sai do arco e, entrando na mata, em cinco minutos estará pisando sobre antigas pedras lavradas, cobertas de musgo. Subindo mais um pouco, as pedras se alargam e formam um caminho. Esse caminho, acidentado e coberto pela vegetação, é a Calçada do Lorena. No passado, passaram por ali toneladas de mercadorias levadas em lombos de burros.
Foi a primeira estrada calçada em toda a América do Sul. Por ela, é possível ir-se a pé até o Alto da Serra. O governador Maluf prometeu limpar essa área e, há menos de um mês – antes de inaugurar as obras de reforma da Estrada Velha – teve a coragem de dizer que o seu secretário de Cultura, Cunha Bueno, “havia descoberto a Calçada do Lorena, no meio do mato da Serra do Mar”.
Na verdade, a sacada histórica do governador foi desmentida dias depois por historiadores conscientes. A calçada foi redescoberta em 1922, por Washington Luiz, que na época era também governador do Estado