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*Milton Bigucci

O Brasil, se não mexer nos privilégios públicos, não tem saída.

Infelizmente a “Operação Lava Jato” definhou. Triste ver um país onde a Justiça acha mais importante o rito processual que o crime de corrupção. O mundo de dinheiro recuperado desses roubos não foi levado em conta. Políticos que roubaram são inocentados. Daqui a pouco eles vão pedir a devolução com juros do dinheiro roubado.

Para a retomada do desenvolvimento econômico, o Brasil precisa investir nos jovens, inovar, seja pela educação, pelo emprego ou ambos. Batemos no 1° trimestre de 2021 o recorde de desempregados no Brasil com 14,8 milhões de pessoas, também em função da pandemia.

De 2010 a 2019 o número de favelas no Brasil aumentou 108% alcançando 13.151 comunidades, com 14 milhões de pessoas. 80% das favelas têm até 500 domicílios cada. Um bom planejamento público solucionaria esse déficit, com mudança nas leis de zoneamento, desburocratizando a sua aprovação e financiamento.

Você que pretende subir na vida, vá atrás dos seus sonhos. Degrau por degrau. Não queira subir de uma vez. Você pode cair.

Sou amante das privatizações.

O governo procura defender o Estado, quando o correto seria defender o cidadão. No mundo privado a orientação é mudar para melhorar, no governo é permanecer como está e manter tudo do mesmo jeito.

Será que os poderes públicos vão mexer nos privilégios? Acho que não, pois seus participantes são os principais beneficiados. O Estado brasileiro gasta muito e gasta mal. Vejam as diferenças salariais do poder público e do privado: o salário público, na maioria, é 50% maior que o privado. Há uma distância enorme separando os privilégios, e quem paga a conta são os privados que produzem.

Deve-se reduzir ou acabar com as mordomias, os excessos de assessores, carros, motoristas, 14º e 15º salários. Redução da máquina pública, do número de vereadores, deputados, senadores e seus gabinetes, instituições e fundações públicas que nada produzem. Acabar com o financiamento aos partidos, que devem sobreviver apenas com os seus associados. Enfim, há muito gasto que beneficia poucos, enquanto a população que produz, paga a conta.

Nunca esqueça: quem está pagando a conta é você.

Para que transformar o Estado? A minoria não aceita. Perpetua-se no poder. Ora, para que diminuir o tamanho do Estado? 

O objetivo da reforma administrativa deve ser a sociedade e não o servidor, valendo para a União, Estados e Municípios.

Há privilégios “intocáveis” que se não forem mexidos não haverá saída para o país: estabilidade dos servidores públicos, desempenho funcional com metas claras de eficiência, igualdade salarial entre trabalhadores da iniciativa privada e da administração pública, o fim das férias de mais de 30 dias em todos os Poderes. O ritmo do trabalho deve ser igual ao privado para ser eficiente.

Com certeza teremos um serviço de melhor qualidade, com mais velocidade, menor custo e com dezenas de bilhões de reais a menos que podem ser aplicados para o bem da sociedade.

Temos que enxugar a máquina pública, sendo que a carga tributária já está em torno de 35% do PIB. O desenvolvimento econômico está melhorando, mas precisamos desburocratizar o país e produzir mais. Privatizar o que for possível, eliminando empresas públicas mastodontes e caras.

O governo federal fez um levantamento detalhado e concluiu que a média salarial das 46 estatais brasileiras, por pessoa é de R$ 11 mil, fora os privilégios que barram o desligamento dos funcionários.

Lamentavelmente não estou vendo saída, pois os donos do poder não se mexerão. O corporativismo é muito maior.

O mundo civilizado nos dá grandes exemplos. Há muito a ser analisado e discutido, porém com a maior brevidade, senão, o Brasil quebra.

Será que os governantes e o Legislativo conseguem? Espero.

*MILTON BIGUCCI – é presidente da construtora MBigucci, conselheiro vitalício e membro do Conselho Fiscal da Associação dos Construtores do Grande ABC, membro do Conselho Consultivo Nato do Secovi-SP e do Conselho Industrial do CIESP, conselheiro vitalício da Associação Comercial de São Paulo e conselheiro nato do Clube Atlético Ypiranga (CAY). Autor dos livros “Caminhos para o Desenvolvimento”, “Somos Todos Responsáveis – Crônicas de um Brasil Carente”, “Construindo uma Sociedade mais Justa”, “Em Busca da Justiça Social”, “50 anos na Construção” e “7 Décadas de Futebol”, e membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, cadeira nº 5, cujo patrono é Lima Barreto.