Por: Nelli Célia (nellicelia@gmail.com)
Cecilia Meireles, ( 1901/ -1964) poetisa, professora, jornalista e pintora brasileira.
Nestes primeiros versos, Cecília Meireles, define toda a alma do poeta, quando diz: “Não sou alegre nem sou triste, sou poeta”. Realmente nós os poetas procuramos sempre ocultar o verdadeiro estado de alma em que nos encontramos. É a maneira de estar sempre bem com o próximo, não passando para ninguém a nossa tristeza para não incentivá-los, e tão pouco, demonstramos a nossa alegria para não melindrar, os que por ventura estejam sofrendo. Mostramos apenas, a nossa paz e o reconhecimento que temos pela vida.
Essa conduta faz recordarmo-nos das lições do evangelho, nas quais, ensinam que devemos ter pelo semelhante, todo o cuidado de ajudá-lo em sua caminhada, primeiramente, escutando-os e dentro do possível, acalmando suas dores, com frases e calor fraternos, deixando o nosso irmão fortalecido, e o mesmo se dá, com os momentos de alegrias, mostrando o quando devemos ser gratos à vida por tudo, mesmo que isso seja, apenas por momentos. Porém são nesses momentos de alegrias que armazenamos as nossas energias para quando o “inverno vier”, ( -inverno das aflições) não nos desestruture.
Sejamos, pois: o poeta nesta caminhada ao encontro da evolução.
Motivo
Eu canto porque o instante exige
A minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fingidas,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
No vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– Não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno na asa ritmada.
Um dia sei que estarei mudo:
Mais nada.