Espaço cultural e poético, por
Nelli Célia ( nelliceliafl@gmail.com)
Jorge de Lima, nascido em União dos Palmares (AL) em 1895, falecendo no Rio de Janeiro em 1953. Formou-se em medicina, trabalhou como médico, professor, escritor e pintor. Passou por um curto tempo na política.
Foi um poeta de difícil classificação, por causa de sua multiplicidade. Deixou-nos, diversas poesias com variados temas, mas sempre com a alma do cristão e a preocupação com os mais humildes. Uma de suas grandes composições poéticas, foi a “Nega Fulô” a qual esteve sempre em meu repertório e pude declamar.
Dizia sobre os poetas: “ Há poetas que fazem da poesia um acontecimento lógico , um exercício escolar, uma atividade dialética. Para mim, a poesia será sempre uma revelação de Deus, um dom, gratuidade, transcendência, vocação. “
Um brasileiro, médico dedicado, fazendo a cultura poética mesmo, entre tempos difíceis. Nosso orgulho de ter a sua literatura presente em nossas vidas.
O VENDEDOR DE LAMPIÕES
Lá vem o vendedor de lampiões de rua!
Ele mesmo que vem, infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite, aos poucos, se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz o senso humano irrita:
Ele que doira a noite ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como estes acendedores de lampiões de rua!